domingo, 15 de abril de 2007

No telefone

Amigos da blogosfera, hoje transcrevo para vocês, um texto publicado no jornal Estado de Minas de 08/04/2007, folha 2, EM Cultura. Retirei da coluna Dicas de Português (Dad Squarisi).


Na verdade, trata-se de uma brincadeira que se pode fazer em casa, em festas, em barzinhos: pede-se que seja transmitida determinada história, ao pé-do-ouvido... etc. Leiam:


"Conhece o texto do Telefone? Um grupo e pessoas se senta ao lado uma da outra. A primeira lê uma história. A segunda, sem ler, cochicha a narrativa ao ouvido do vizinho. A terceira faz o mesmo. E, assim sucessivamente. O resultado é espantoso. O último texto não tem nem parentesco com o primeiro, quer um exemplo?

O presidente fez um pedido ao diretor:

- Na próxima sexta feira às 17h, o cometa Halley passará por essa área. Trata-se de um evento que ocorre a cada 78 anos. Assim, por favor, reúna os funcionários no pátio da fábrica, todos usando capacete de segurança, quando explicarei o fenômeno. Se chover não veremos o espetáculo a olho nu.

O diretor obediente passou esse recado ao ao gerente:

- A pedido do presidente, na próxima sexta feira, às 17 horas, o cometa Halley vai aparecer sobre a fábrica. Se chover, por favor reúna os funcionários, todos com capacete e os encaminhe ao refeitório, onde o raro fenômeno terá lugar, o que ocorre a cada 78 anos a olho nu.

O gerente transmitiu essa observação ao supervisor:

- A convite de nosso querido presidente, o cientista Halley, de 78 anos, vai aparecer nu na fabrica, usando apenas capacete, quando vai explicar o fenômeno da chuva para os seguranças do pátio.

O supervisor, por sua vez, mandou essa mensagem ao chefe:

- Todo mundo nu, na próxima sexta feira, as 17h, pois o manda-chuva do presidente, senhor Halley, estará lá para mostrar o raro filme Dançando na Chuva. Caso comece a chover mesmo, o que ocorre a cada 78 anos, por motivo de segurança coloque o capacete.

O chefe passou o convite aos operários:

- Nessa sexta-feira, o presidente fará 78 anos.A festa será às 17h, no pátio da fábrica. Vão estar lá o Bill Halley e seus Cometas. Todo mundo deve estar nu e de capacete. O espetáculo vai rolar mesmo que chova porque a banda é um fenômeno.


Moral da história: as palavras, principalmente as faladas, são pra lá de levianas. Traem. A gente pensa que diz uma coisa , o ouvinte entende outra. Confiar nelas é acreditar em Papai Noel. Escreva os recados. Mas seja safo. Tenha em mente que os vocábulos escritos não são 100% fiéis. Sobretudo guarde isso: as pessoas entendem o que querem."

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Não gostaram? Comentem assim mesmo.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Travessia

Há algum tempo publiquei o post “Meu pai me ensinou”, no qual recordava alguns momentos inesquecíveis de minha convivência com meu pai, Ilidinho, no alvorecer de minha infância.
Entre outras coisas, escrevi:

Antes de voltar pra casa, papai nos conduzia às margens do rio Piracicaba que, na época, tinha águas cristalinas. Descalços, entrávamos no rio e ele nos ensinava a nadar. Que delícia!

Eu e o Diló deitávamos na água e papai, com a palma da mão debaixo de meu queixo, mantinha minha cabeça fora d’água para que aprendesse a boiar, movimentar os pés e braços, enfim, aprendesse a nadar. Claro que aprendi. Diló, igualmente: como nadávamos bem!

Todo fim de semana, eu, Diló e outros companheiros nadávamos no Piracicaba, que era bem mais profundo e limpo do que hoje.

O lugar predileto para entrada no rio era exatamente onde agora está a Ponte dos Arcos, da qual falei outro dia. Em nado de braçadas, alcançávamos a outra margem, 50 metros abaixo. Após um pequeno descanso, nadávamos de volta até o meio do rio. Daí, em nado de costas, a água nos levava até um local próximo à atual ponte Eliezér Batista, exatamente onde existia uma praia de areia bem branquinha, na qual brincávamos a valer. Depois, caminhando rio acima, alcançávamos novamente o ponto inicial. Caíamos então na água, nadando de braçadas para a outra margem, mais próxima à nossa casa.

Hoje, vejam vocês, posso provar que os ensinamentos de meu pai são úteis até hoje:
Durante as últimas férias de janeiro, meu filho Clóvis e sua esposa Consolação convidaram a mim e minha eterna namorada – Aparecida – para um passeio no litoral capixaba.

Foi quando tive oportunidade de demonstrar, como dois e dois são quatro, que as águas não são obstáculo para mim, nem rio nem mar.

Eis as imagens de minha chegada às praias de Barra do Saí (ES), após uma travessia heróica do Cabo da Boa Esperança (África) até as costas do Brasil. (Um pouco de exagero não faz mal a ninguém, não é?).

Obs. Agradeço ao Clóvis pela filmagem.