terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Carnaval Novaerense: Bico do Urubu

Já estamos na terça-feira de carnaval! Nesta oportunidade, conto para meus grandes amigos blogueiros um acontecimento ocorrido na década de 70.

O famoso bloco sujo, "Bico do Urubu", era ansiosamente esperado por todos.

Cristina, Berenice, Maria Rosa Aguiar, hoje residente em Brasília, Joaquim, Roberto, Yolanda, saem à rua e acompanham o afamado "Bico do Urubu".

Poucos minutos são passados e uma multidão de curiosos está nas calçadas para aplaudir e brincar.

Todos vibram. A coisa mais original é que participantes do bloco são do sexo feminino, sem exceção. (Naquela época, um bloco feminista, vejam só!)

As mulheres cobrem todo o corpo, capuz vermelho, meias e sandálias pretas.

É impossível distinguir quem é quem. As fantasias são de arrepiar. Tem gente vestido de vampiro, alma penada, Zé-da-meia-noite, fantasma, caveira e tudo mais que se possa imaginar. A meninada é que passa aperto: as crianças ficam entre a curiosidade e o temor, porque aquelas figuras do outro mundo as ameaçam, correm como se quisessem pegá-las, provocam sustos. Mas é a maior festa!

Ah! Os adultos. Os adultos aproveitam e caem na folia, que delicia!

As figurantes também aproveitam que os seus rostos estejam cobertos e partem para cima dos rapazes, jogam beijinhos e passam a mão no rosto deles. Algumas arranjam até namorados! Sei de um caso que deu até em casamento.

Por falar em casamento, um filho meu, Cláudio, do blog Pras Cabeças, deu bobeira e ficou à espera de um brotinho cair na rede. De repente, olha lá o Cláudio também na folia.

Pulando, brincado com uma garota toda vestida de preto, capuz vermelho com três furos, dois nos olhos e um na boca. Até luvas pretas ela usava.

Cláudio se aproxima do amigo Cardoso, ex-colega de escola, que estava perto de Jorge de Manezinho, hoje despachante, e fala:

- Grampeei aquela garota ali, hoje é sopa.

Voltou com a menina para o bloco e pulou bem agarradinho à sua presa.

Após o desfile, o Cláudio se oferece para acompanhá-la até à casa. No meio do caminho, diz a ela:

- Belezoca, bem que você poderia tirar o capuz.

- Ah! não! Não quero me revelar, você não irá gostar de mim.

- Deixa disso, amor, eu estou apaixonado, faz muito tempo que estou a fim de te paquerar.

- Ah! Você não me conhece, nunca me viu antes.

- Deixa disso amor, você acha que se eu não soubesse quem você é, estaria aqui agora?

Com tanta insistência, a belezoca resolveu tirar o capuz e quando Cláudio viu quem era, começou a correr e cuspir igual bode e dizendo palavrões. Ela era feia, banguela, cicatriz no rosto, cabelo pixaim, kkkkkk!

Novos tempos no carnaval de Nova Era: ninguém mais usa máscara. Apesar de cidade do interior, aqui os hotéis estão quase lotados.

Como no Rio de Janeiro, aqui também temos uma "Avenida Copacabana", que margeia o Rio Piracicaba. Nada que se compare àquela cidade, mas tudo está muito bem ornamentado. Há até camarotes para quem quiser assistir aos desfiles e blocos! Para beber e comer, erguem-se barraquinhas, uma imensa área coberta para bar. Para o serviço de sonorização há um palanque. Ao contrário de outros tempos, tudo isso não fica mais no centro, mas num local mais afastado, perto da ponte pênsil (bairro Sagrada Família, para quem conhece). A animação é total.

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Quanto à história narrada, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Não é isso que colocam nos filmes?