quinta-feira, 31 de maio de 2012

E ele suspendeu a camiseta


Volto a este cantinho do Ontem-Hoje, relembrando a vocês que sou o segundo filho de Ilídio Clementino da Costa e Eutargina Martins Batista (Nhanhá Gininha). No Carnaval de 1963, meu pai faleceu.  Deixou viúva minha saudosa mãe, na época com 63 anos e os seguintes filhos, em ordem de nascimento: Ilídio (Diló), Ismael (Soié), Iracy (Cici), Irany, Inézia, Ismar, Irineu e Maria.
                                             MÃE OUTRA VEZ
No finalzinho da década de 1930, minha mãe ficou grávida e nos contou, com aquele sorriso franco, que eu e Cici seríamos os padrinhos daquele que iria nascer, mas me advertiu assim: - Não conta pra ninguém!

Essa auspiciosa notícia me pegou de surpresa; até chorei de tanta alegria. Imaginem meus pais serem meus compadres. Quanta honra, minha Nossa Senhora! Que alegria, meu Deus do Céu! Até parecia ser um sonho, e que sonho maravilhoso!
Os dias, as semanas foram passando e a silhueta da mamãe não mudava nada; então, um belo dia, cheguei pertinho da mamãe e perguntei se ela havia brincado comigo. Eis sua resposta:
- Não brinquei Soié, o neném vai nascer dentro de cinco meses, fique tranqüilo.
Mas como eu poderia ficar tranqüilo com tal notícia? A ansiedade era enorme.
A pouco mais de dois meses para a chegada do bebê, nossa saudosa mãe anunciou que o nome da criança seria MARIA.
Mais algum tempo, mamãe sentiu que precisava urgentemente do médico, pois não estava se sentindo bem. Meu pai providenciou a visita do Dr. Lage o qual, ao examiná-la, constatou um parto duplo, um menino e uma menina.

Mamãe era uma pessoa de muita fibra, muito resistente mesmo, e no dia seguinte já estava com os afazeres domésticos em dia, inclusive fazendo Geléia de Mocotó, biscoitos que o Diló comia, bolos e, principalmente, a famosa e gostosa brevidade de polvilho com rapadura. Diló e eu nos revesávamos para socar os ingredientes no pilão de madeira. Empunhávamos a “Mão de Pilão” a socar e peneirar. A seguir, em uma gamela, juntavam-se os ovos de galinha e batíamos a massa com uma colher de pau até clarear bem, muito bem mesmo. Depois de colocar em tabuleiro e forminhas, era o momento de ir para o forno quente.  Delicia de brevidade, hmmmm!

Enquanto isso, em nossa casa e na vizinhança, o assunto era a chegada dos novos hóspedes. Mamãe achou por bem colocar o nome de José no irmãozinho de Maria. Todos aplaudiram a acertada decisão.
Quando falávamos o nome José, nossa saudosa mãe sentia um leve movimento em um determinado ponto em seu interior. Quando o nome era Maria, o movimento era pertinho daquele mesmo lugar.
José e Maria sabiam os próprios nomes, mesmo antes de nascer. Que coisa fantástica, é quase inacreditável.
Nasceram!
                               O TEMPO PASSA, O TEMPO VOA
O tempo passa rapidinho. Minha afilhada Maria já tem cinco anos de idade; ela canta muito bem e está se preparando para coroar Nossa Senhora. No mês de maio, vestida de Anjo, sobe os degraus da escada do altar da Matriz de São José, participando de um tradicional acontecimento, que é a Coroação de Nossa Senhora.
Maria é muito inteligente, já tem sete anos e está freqüentando o grupo escolar Desembargador Drumonnd, onde é líder da classe. Completa o primeiro grau com onze anos.
Ela e suas amiguinhas já pensam e conversam assunto de namorados. Maria fica conhecendo José Mayrink, com quem se casa aos dezenove anos de idade. Que festa maravilhosa! Os filhos foram chegando na seguinte ordem:
Maria Aparecida Mayrink (Paré), Rosemeire, Maura, Suely, Cláudia e José Hermelindo, todos com o sobrenome Costa Mayrink. Antes de Maura nascer, minha irmã adotou Elza, uma moreninha muito bonita. O marido de Maria, José Mayrink faleceu em acidente de carro.
Maria foi sempre uma líder entre todas as pessoas de convivência, criou e educou os filhos com ternura e conforto. Que DEUS TODO PODEROSO a conserve lá no CÉU junto a papai, mamãe, Cici, Irany, José Mayrink e outras pessoas da família.
VOLTANDO NO TEMPO...

Voltemos ao dia do nascimento de Maria e José: a 26 de agosto de 1939, à tarde, antes do jantar, minha mãe sentiu os primeiros sintomas do parto. Sanestina, a mais competente parteira da cidade, quiçá da região, foi chamada a fim de dar assistência à parturiente. Ao exame, constatou-se que ainda não chegara o momento certo, e que somente pela madrugada do dia seguinte os bebês nasceriam. A parteira ficou esperando.
Mais ou menos às 3 horas da madrugada do dia seguinte, nasceu a MARIA e logo em seguida nasceu o outro filho, JOSÉ.
Sanestina, a parteira, fez a limpeza nas crianças, colocou as fraldas, vestiu as camisolinhas nos dois bebês e os colocou em dois berços, um ao lado do outro, no quarto vizinho. Em seguida, foi cuidar da mamãe. Ao terminar, saiu com as roupas para a lavanderia.

                                           ACONTECE CADA COISA...

Um pequeno ruído na porta do quarto indica a chegada de alguém, esse alguém é a parteira Sanestina. Então, José cochicha ao ouvido de sua irmã as seguintes palavras:
- Fecha os olhos MARIA e finge que está dormindo. Ele também fechou e até roncaram.
Ao escutar o ruído da porta, José abriu os olhos e viu Sanestina saindo e falou assim:
                 
- Maria, você é mulher e eu sou homem.
Maria respondeu:
- Porque você fala que é homem? Nós somos iguais!

José retruca:
- Vou lhe mostrar por que.

Maria então disse: 
- Se você é homem, José, mostra, mostra logo, eu quero ver agora.

JOSÉ SUSPENDE A CAMISOLINHA E MOSTRA:
                          
 - Olhe bem Maria, veja!


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 - A minha fralda é AZUL, a sua é COR DE ROSA!